1 -
O que é argumentar?
Argumentar é expressar uma convicção, um
ponto de vista, que é desenvolvido e explicado, de forma a persuadir o
ouvinte/leitor. Por isso, é necessário que apresentemos um raciocínio coerente
e convincente, baseado na verdade e que influencie o outro, levando-o a
pensar/agir em conformidade com os nossos objetivos.
Há três fases na produção de um texto
argumentativo: na primeira, leem-se textos diversos, com a intenção de criar um
estado de opinião; na segunda, recolhe-se, de forma individual, informação
variada sobre o tema; na terceira, realizam-se trabalhos de escrita e
aperfeiçoamento textual.
O que fazer?
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Como fazer?
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Introdução (um parágrafo)
É
apresentado o ponto de vista acerca do tema a defender.
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Com
uma contestação de um facto.
Com uma pergunta aos leitores.
Com uma afirmação polémica.
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Desenvolvimento (dois ou mais parágrafos)
Contém
os argumentos que reforçam o seu ponto de vista, ilustrando a argumentação
com factos, exemplos, citações, testemunhos… Apresenta e exemplifica
possíveis contra-argumentos e, de seguida, refuta-os.
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Apresenta
os argumentos.
Apresenta
os contra-argumentos.
Devem surgir por ordem de importância,
ficando para o final os mais fortes.
Deve usar
conectores e outras expressões
para articular os argumentos e os contra-argumentos.
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Conclusão
(um parágrafo)
Reforço
do seu ponto de vista.
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Síntese
das ideias apresentadas.
Apelo.
Pergunta
retórica (pergunta sem resposta, cujo objetivo é dar vivacidade ao discurso e
fazer o leitor refletir).
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Conectores argumentativos:
- Para reiterar, reafirmar - retomando a questão, penso que, a meu ver, creio que, estou certo, em nosso entender…
- Para concordar, provar, exprimir - efetivamente, com efeito…
- Para refutar, manifestar oposição, restringir ideias - no entanto, mas, todavia, contudo, porém, apesar de, em sentido contrário, refutando, pelo contrário, ao contrário, por outro lado, …
- Exemplificação - por exemplo, como se pode ver, assim tome-se como exemplo, é o caso de, é o que acontece com…isto é, por outras palavras…
- Para concluir - finalmente, enfim, em conclusão, concluindo, para terminar, em suma, por conseguinte, por consequência…
- Para estabelecer conexões de tempo - então, após, depois, antes, anteriormente, em seguida, seguidamente, quando, até que, a princípio, por fim…
- Para referenciar espaço - aqui, ali, lá, acolá, além, naquele lugar, o lugar onde, ao lado de, à esquerda, à direita, ao centro, no meio, mais adiante…
- Para indicar ordem - em primeiro lugar, primeiramente, em segundo lugar, seguidamente, em seguida, começando por, antes de mais, por último, por fim…
- Para estabelecer relações de causa - porque, visto que, dado que, uma vez que…
- Para estabelecer conexões de consequência - de tal modo que, de forma que, tanto que, e por isso…
- Para expressar condição, hipótese - se, a menos que, a não ser que, desde que, supondo que, se por hipótese, admitindo que, exceto se, se por acaso…
- Para estabelecer conexões de fim - para que, para, a fim de, com o intuito de…
- Para estabelecer relações aditivas - e, ora, e também, e ainda…
- Para estabelecer relações disjuntivas - ou, ou então, seja... seja, quer...quer
- Para expressar semelhança, comparação - do mesmo modo, tal como, pelo mesmo motivo, pela mesma razão, igualmente, assim como…
2 - Leia os seguintes textos
Por um fio
A Internet
não faz falta nenhuma. Não vivi tão bem sem ela?
3 de Julho
de 2017, 6:25
Não tenho Internet. Pronto. Vou aproveitar. Deixa-me
só verificar se ligando e desligando o botão do wi-fi mais uma vez...
pode ser que... não... nem sequer consigo abrir o mail... se calhar, o mail é
muita fruta... também não se pode pedir muito ao material... o PÚBLICO também
não... talvez o Google Search... é só uma caixa... não, não percebo como é que
esta luzinha tem a lata de me piscar... ainda agora carreguei o raio da
bateria...
Não. Seja. Vou comprar os jornais. Que prazer! Lêem-se
coisas que não se leriam no online. Qual terá sido o resultado deste jogo? Vou
só espreitar. Grrrr... Esqueci-me que não tinha Internet. A Internet não faz
falta nenhuma. Não vivi tão bem sem ela? Vou só ver o Twitter. Ah, não tenho
Twitter. É verdade: o Twitter precisa da Internet. É um grave defeito.
É coisa que não acontece com o meu livro. Está todo
impresso até à última página e não precisa de carregador ou de plano de
fidelização. É um pequeno milagre, pois é. Só é pena não ter dicionário, para
saber o que esta palavra mereologia quer dizer, não é o estudo das relações
entre as partes e o todo? Ou será uma gralha, em vez de meteorologia? Está a
falar das manhãs e do Verão... tanto pode ser uma coisa como a outra... mas
porque é que eu não trouxe um dicionário?
Se eu atravessar o rio pode ser que tenha mais sorte
do outro lado. Ah é Espanha? Isso explica o relógio do meu portátil ter
adiantado uma hora. Mas se ele actualizou é porque deve haver uma ligação...
maldita Internet! Confessa: estás a gostar de me ver sofrer...
Miguel Esteves Cardoso in https://www.publico.pt/2017/07/03/sociedade/noticia/por-um-fio-1777695
A comunicação a matar a comunicação
Daqui a uns anos, quando já não soubermos conversar olhos nos olhos, não se admirem que a sociedade está isto e aquilo
Não sou contra a tecnologia.
Fico, aliás, fascinado por estar a assistir, em vida, a pequenas e constantes
revoluções que na minha infância pareciam ficção científica. Acho que devemos
utilizar tudo o que de bom e útil a tecnologia tem para nos oferecer. O que
acontece é que sou um nabo, um absoluto info-excluído, que nada percebe de
nada, e que estraga qualquer computador em que toca, se aquilo não tiver os
programas inteligentes que funcionam sozinhos, e que só nos pedem para
clicar na palavra “Seguinte”, até aparecer a palavra “Concluído”. Mas não me
fico. Aproveito ao máximo o que posso aproveitar, e não, não suspiro pela minha
velha máquina de escrever. Mas uma coisa é gostar, desfrutar, aproveitar, outra
é sermos engolidos. Ao ponto de já não sabermos viver sem a tecnologia. Como em
tudo na vida, também neste campo há as necessidades reais e as inventadas. E
estas últimas são muito mais que as primeiras. Poderia avançar os mais diversos
exemplos, sendo o mais grave estarmos a assistir ao nascimento de gerações
estupidificadas, que vão perdendo a capacidade de pensar, se tudo o que
precisam de saber podem ir ver ao Google. Mas veja-se apenas dois exemplos
singelos. Outro dia, jantava num restaurante com a minha mulher. Na mesa mesmo
ao lado, outro casal, na casa dos 30 e tais, jantava também, homem e mulher
frente a frente, como é normal. Ou era normal. Eles frente a frente estavam,
mas nem por uma vez se olharam nos olhos. Cada um concentrado no seu tablet, a
clicar, a clicar, a escrever, a ler, a sorrir com umas coisas, a franzir o
sobrolho com outras. Isto durou uma hora. Inteira. Nem levantaram os olhos para
pedir o prato. Já vi casais em silêncio à mesa, e se calhar já nos aconteceu a
todos. Quando há uma qualquer zanga ainda mal resolvida. E foi isso que pensei
a início. Mas não. Depressa percebi que estavam bem-dispostos. Mas não um em
frente ao outro. Entre a vida real e palpável, ali ao alcance, preferiam estar
mergulhados na “rede”. Para mim, inacreditável. Mas cada um sabe da sua vida. O
problema, parece-me, é quando chegamos ao ponto de a própria sociedade que nos
rodeia começar a indicar-nos que o que aquele casal fazia é que é normal, e não
eu estar a conversar olhos nos olhos com a minha mulher. Senão, repare-se no
último anúncio, amplamente difundido, de uma marca de telecomunicações. O
produto que vendem é apetecível, do ponto de vista financeiro. Ou seja, propõem
um novo tarifário que baixa os preços das chamadas aos membros de uma mesma
família, se optarem pelo pacote tal e tal, e mais não sei quê. Até aqui, tudo
normal. Não tenho nada contra boas oportunidades de poupança. Mas o anúncio
televisivo é lamentável. Trata-se de famílias inteiras, nas mais diversas
situações, a carimbarem o estilo de vida que vi no tal casal. Seis, sete, oito
membros de uma família estão lado a lado, mas ninguém se fala: estão todos a
falar ao telemóvel com outro alguém, que não está ali ao lado. Não entendo
porque se vende um produto de comunicação glorificando... a falta de
comunicação. Daqui a uns anos, quando já não soubermos conversar olhos nos
olhos, não se admirem que a sociedade está isto e aquilo.
As redes sociais e os jovens
As Redes Sociais são grupos ou espaços específicos que permitem partilhar dados e informações com todo o mundo (Hi5, Youtube, Google, MSN, Orkut, Facebook...). Nelas, os grupos são formados por afinidades ou simplesmente para debater um tema / apoiar uma causa. Num sentido mais lato, é tudo o que permite a comunicação e a partilha de informação com o resto do globo.
Com o desenvolvimento da Informática e com o cada vez mais baixo custo de material eletrónico como computadores, as redes sociais difundiram-se de uma forma estrondosa, tendo um aumento tão grande na utilização em 2010, que até o podemos referir como “ano das redes sociais”. Elas têm imensas vantagens como a criação de novas amizades, a divulgação de informação como vídeos e trabalhos artesanais, a grande velocidade das notícias e, com a partilha de dados, com o estabelecimento de novas amizades e com a propagação das notícias cada vez mais rápida, divulgam-se também culturas, religiões, opiniões e vivências. Mas, como tudo que conhecemos, também tem desvantagens. Podemos enumerar, por exemplo, o tempo excessivo que os jovens (e não só) passam em frente aos computadores – associado a doenças oculares -, a exposição dos jovens a todos os outros membros das redes sociais e o posterior surgimento de crimes virtuais, o vício compulsivo (esquecimento do mundo real), o plágio - de imagens e ideias – e, também a criação de grupos que trabalham exclusivamente na discriminação de outras raças, etnias e religiões.
A discriminação, será provavelmente, a que mais atinge os utilizadores das redes sociais, pois ela existe numa quantidade de tal forma elevada, que é quase impossível não nos depararmos com ela constantemente. Qualquer um de nós pode visualizar intensas críticas baseadas em insultos em relação a qualquer assunto que choque contra as ideias de outra/outras pessoa/ pessoas. A verdade é uma, ela nunca poderá ser eliminada das redes sociais, expulsá-la é uma ideia utópica! E, podemos explicar isso de uma forma muito simples, com a proporção que elas atingem atualmente seria como vigiar um museu do tamanho da cidade de Lisboa[…]
Podemos reduzi-la bastante, por isso, concentremo-nos em valorizar os aspetos positivos das redes sociais.
In Projeto Parlamento dos Jovens –
Ensino Básico 2012 – EB 2,3/S Miranda do Douro (texto com supressões e
adaptado)
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